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O secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Dimas Lara Barbosa, admitiu hoje a possibilidade de católicos votarem em candidatos à Presidência que não sigam todos os preceitos da religião
“O fato de o candidato ser católico não é necessariamente o único critério. A cidadania vai além da confessionalidade. É preciso estabelecer um critério que seja razoável”, disse dom Dimas.
O bispo fez uma distinção entre as eleições majoritárias – para a escolha do presidente da República, governadores e senadores – e as proporcionais (deputados federais e estaduais).
Para ele, nas eleições proporcionais os católicos têm de escolher candidatos “em sintonia com o pensamento da Igreja”, uma vez que há centenas de aspirantes ao cargo de deputado. Tanto dom Dimas quanto dom Geraldo Lyrio Rocha, presidente da CNBB, fizeram questão de deixar claro que a entidade não apóia nenhum candidato ou partido. “Não há por parte da CNBB nenhuma expressão de apoio a esse ou aquele nome. A Igreja não se identifica com nenhum partido e não apresenta nenhum candidato”, afirmou dom Geraldo.
A visita de Dilma à sede da CNBB ocorreu no rastro da polêmica envolvendo o artigo do bispo de Guarulhos (SP), dom Luiz Gonzaga Bergonzini. Em artigo intitulado “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” – postado no mês passado no site da CNBB -, o religioso defendeu o boicote à candidatura de Dilma por considerar que ela defende o aborto. “Eu vi o artigo, mas as minhas posições sobre essa questão são claras”, disse a candidata, sem querer esticar a polêmica.
“A CNBB respeita a posição do bispo de Guarulhos. Ele fez o que sua consciência de pastor julgou que deveria fazer. Cada bispo, em sua diocese, tem absoluta liberdade para dar as orientações. Como ele mesmo disse, a posição que expressava era sua. Não estava falando em nome da CNBB”, observou dom Geraldo.
Desde o mal-estar com o bispo de Guarulhos, que teve o artigo retirado do site, Dilma tem reiterado que nunca defendeu a legalização do aborto.
A candidata do PT chegou à CNBB acompanhada de Gilberto Carvalho, chefe de gabinete da Presidência. Ex-seminarista, Carvalho recebeu do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a tarefa de aproximar Dilma da Igreja Católica. No encontro com dom Geraldo, a petista não tratou de temas espinhosos, como aborto e união civil entre homossexuais. “O assunto aborto veio num conjunto quando fiz referência a questões ligadas à vida. A Igreja é muito sensível em relação à questão da vida. Fiz questão de expressar à candidata para que se eleita, seu governo se volte para a defesa da vida”, resumiu o presidente da CNBB.
Em mais uma tentativa de se tornar simpática à Igreja, Dilma disse ter sido muito bem “acolhida” pela CNBB. Integrante de organizações que pregavam a luta armada, na ditadura militar, ela dirigiu afagos aos religiosos. “Eu me considero grande devedora da CNBB e dos bispos, porque eles tiveram a ousadia de se levantar, na época da ditadura, contra o processo de fechamento que o País vivia”, comentou. “Muitos deles foram responsáveis pela sobrevivência de muita gente.”
Questionada por um jornalista se havia se “convertido”, Dilma abriu um sorriso. “Você me desculpe, mas eu não sou de outra religião para ser convertida. Eu sou de origem cristã e católica Fui batizada”, respondeu a candidata do PT, que estudou no colégio de freiras Sion, em Belo Horizonte.
Há três anos, em sabatina do jornal Folha de S. Paulo, Dilma evitou responder se acreditava em Deus. “Eu me equilibro nessa questão. Será que há? Será que não há?”, afirmou ela, à época. (Eugênia Lopes e Vera Rosa – AE)
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